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domingo, 2 de dezembro de 2012
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Carta a Selleon Ivorein
Threshold,
11 de Flaurmont de 1012 (calendário thyatiano)
Lowerdin Avardan
Caro
amigo Selleon Ivorein (Elfo de Alfheim),
Perdoa-me
pela demora em mandar-te notícias, Selleon. Acontece que somente agora me
estabeleci com firmeza e recursos suficientes para planejar os próximos passos
de minha missão.
Como
é de teu conhecimento, passaram-se dois meses desde que parti (Vatermont) de Rifllian
após ouvir sobre a tragédia que assolou a ti e teus companheiros. Encontrei em
minha breve jornada amigos pelos quais daria minha a vida e que também dariam a
deles por mim. Creio que vale a pena citar seus nomes, pois seguramente tornar-se-ão
personalidades notáveis de Karameikos e talvez até mesmo de Mystara.
Falo
primeiro do jovem mais corajoso que já conheci. Afirmo que mesmo que alguém
seja um dia tão bravo quanto Alex TinderOwl de Verge, nunca será como ele. Logo
que parti, pousei em Verge por dois ou três dias e nesse tempo assisti a um
interessantíssimo costume do povo traladarano – o chamado Rito da Fenda, uma
cerimônia simples, porém carregada de significado. O rapaz deve retornar à sua
família, quando construir seu nome. Falei-lhe de meus objetivos e ele aceitou acompanhar-me
de muito boa vontade, pois reconhecia a nobreza dessa empreitada e a necessidade
por se fazer justiça. Alex e eu passamos a maior parte do tempo juntos, ora
aprendendo um com o outro, ora defendendo a vida um do outro.
A
região possui mais comunidades silvestres do que imaginava, onde vivem humanos
e diversas espécies feéricas. Num deles, pude encontrar Darius, o paciente.
Sempre me comovo quando vejo um humano que escolhe dedicar toda a sua vida ao meio-ambiente.
Nós elfos vivemos em comunhão com a floresta, mas retiramos nossa verdadeira
força da magia. Aprendi com Darius que a natureza tem poder tanto para a
destruição como para a proteção e penso que os elfos poderiam voltar-se mais a isso.
Conhecemos há uma semana outro druida, que vive no pequeno povoado de Eltan’s
Spring. Seu nome é Bertrak e, no memento, ele e Darius trabalham juntos para
restaurar a vegetação próxima ao povoado que foi destruída por uma ignóbil
bruxa.
Há
também Silvana Rubi, uma admirável traladarana por quem admito sentir algo mais
do que mera amizade. Ela é formosa, astuta, sedutora e conhecedora da magia.
Minhas mãos até tremem um pouco enquanto escrevo sobre ela. Ainda desconheço
seus objetivos e aspirações, mas ela tem demonstrado crescente interesse em mim
e meus amigos, talvez ela também esteja se comovendo pela causa élfica.
Não
poderia também deixar de falar de Sorian Valonir, um irmão Elfo. Conheci-o há
três dias, e o valoroso patrulheiro salvou minha vida, mesmo tendo a
consciência de que ao fazê-lo, estaria se desviando de sua missão. Tenho-lhe
muita gratidão. Sua origem me é desconhecida, mas suas feições são Callari. Sua
família não dever ser de Rifllian nem de Radlebb, caso contrário eu o conheceria.
Acredito que este novo amigo se mostrará um fiel companheiro de aventuras.
Conheci
também Liandra Beleren, uma estudante da Escola Karameikana de Artes Arcanas.
Sei que se trata de uma boa pessoa, mas a situação em que nos encontramos e a
maneira como se porta levanta suspeita de minha parte. Tenho várias perguntas
das quais ela sempre encontrar um meio de se esquivar – possivelmente o que a ensinam
na academia. Qual o interesse da EKAA nessas redondezas? Como os magos humanos
frequentemente enxergam a magia como forma de poder, usando-a para propósitos
vis, ficarei de olhos bem abertos sobre Liandra.
No
entanto, não conheci apenas amigos nestes dois meses. Karameikos está,
infelizmente, infestada de perigos e criaturas malignas. Goblins espreitam
atrás das árvores os viajantes incautos, trabalhando para seres mais poderosos,
como a bruxa que mencionei. Conheci um gnomo que usava magia para criar um
troll ilusório e cobrava pedágio dos transeuntes de uma ponte. Há também um
halfling com quem viajei por alguns dias – um grande aproveitador que se porta
de maneira desleixada e inconsequente, a vadiagem é seu modo de vida.
E
há também um terror maior que todos esses – o Anel de Ferro – uma guilda de
escravocratas que sequestram e vendem pessoas para o exterior. Nossas
atividades em Threshold têm afetado seus negócios criminosos, mas não se aflija
Selleon, temos meios para combatê-los. Uma organização como esta certamente
conta com o apoio político e se beneficia dos ambientes urbanos humanos. No
entanto, este é um tema ainda delicado, pois Aleena, co-governadora da cidade
têm nos dado muito apoio, e é possível até que estejamos a poucos passos de nos
encontrarmos pessoalmente com seu tio, o Barão de Halaran. O melhor será não
nos envolvermos na política de Threshold por hora.
Com
relação à nossa missão, tenho feito alguns progressos significativos. Descobri que
nas florestas próximas à Threshold há um túnel que aparentemente se conecta com
Alfheim. Ajudamos uma mulher fugitiva que provavelmente era escrava dos Drows. Infelizmente,
nós a encontramos num estado lastimável e creio que sua mente sofreu fortes
abalos pelo seu quebranto e sua fuga. Hoje ela vive feliz com as fadas da
floresta. Mas nos preocuparemos com isso mais tarde.
Na
semana passada, conversei com Madame Cardia, uma mercadora daqui de Threshold
que disponibiliza um serviço bastante útil: viagens de tapete voador. Negociei com
ela duas viagens para Alfheim em troca de um artefato que encontrei. Sei que
ainda não será possível fazer muito coisa, mas o conhecimento da situação e a
eventual oportunidade de ajudar outros fugitivos valerão a pena. Por sinal,
Madame Cardia disse que seria grande ajuda possuir um mapa para adentrarmos
Alfheim. Peço a gentileza de que elabore algo dessa natureza para mim, Selleon,
junte-se com seus companheiros e tente fazê-lo de maneira mais detalhada
possível – eu o agradeceria muito.
Sobre
Melissa, ainda não encontrei muita informação. Eu também fiquei muito
preocupado quando ela inventou aquela história de buscar por seu misterioso professor
de magia. Ouvi falar que ela também viaja acompanhada de um grupo – espero que
sejam amigos fiéis como os meus – e que adotou o sobrenome de seu suposto
mestre: Moonstar. Mas não se preocupe meu caro Selleon, não imagino que se
trate um amante. É um costume humano que os alunos, depois de aceitos por seus
mestres adotem seu nome para mostrar que são seus protegidos. No entanto, como
deve ter notado, Moonstar é um nome élfico. Sim... isso também me deixa
perplexo.
Essas
são as notícias que tenho por hora, meu amigo. Continuarei trabalhando em minha
missão e nos encontraremos em breve, assim que retornar de Alfheim. Aguardo tua
resposta (não se esqueça do mapa, por favor, um rascunho já será útil), envie-a
para o antigo moinho da Ilha Fogor, em Threshold.
Desejo-te e aos seus
companheiros força e perseverança nessa reconstrução de vossas vidas.
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Mystara
quarta-feira, 27 de junho de 2012
O Reino de Asrinon
A
Península da Prata é uma formação antiga do planeta de Vaniya.
Situa-se a extremo oriente do grande continente central, ligado a
ele, na região de Silverwood, por estreito braço de terra com
apenas 40 quilômetros de largura. Estudiosos afirmam que em apenas
algumas centenas de anos o Golfo de Rinon engolirá de vez a conexão
da península com o continente, transformando-a numa enorme ilha. Seu
clima é bastante equilibrado, enfrentando todas as estações do ano
em períodos de tempo parecidos. Possui terras férteis ainda pouco
exploradas. Conta com uma antiga floresta de carvalhos que cobre a porção
norte da península até o pé de uma estranha formação
rochosa chamada Dente de Pedra. Ao sul, a Cordilheira Argêntea se
mostra rica em minérios de carvão, ferro, níquel e em especial prata,
muita prata. Dois grandes lagos – o Gerden, no centro da península
e o Kerr, mais ao sul, à oeste da cordilheira - são os principais
nodos de uma emaranhada rede hidrográfica que favorece muito o
desenvolvimento da vida na região.
Duzentos
anos depois, um fenômeno interessante aconteceu. Um grande fluxo de
homens e mulheres humanos migrou para a Península de Prata.
Aparentemente fugiam do punho de ferro dos tiranos que governavam o
Reino de Interinon, cuja única cidade é Derinon. Num dado momento,
centenas de embarcações mal construídas cruzavam o Golfo de Rinon
e aportavam ou se despedaçavam na costa oeste da Península. Os
homens rapidamente se espalharam e fundaram pequenos
vilarejos pela região. O primeiro assentamento importante que os
humanos construíram foi o Forte Stanton, na costa oeste por onde
chegaram – era uma forma de manter a vigilância sobre Derinon,
cujos senhores juraram vingança aos emigrantes. Posteriormente, o
posto de Kerrfield foi construído às margens do lago Kerr, ao norte
de Stanton. Os maiores fluxos de imigrantes seguiram mais para o
norte, onde finalmente construíram em apenas poucos meses a grande
cidade de Varinon, que veio a se tornar capital do novo reino que
tinha o nome de Asrinon – significava, na linguagem local
“liberdade construída com as próprias mãos”.
Varinon
ficava à vista, do outro lado do golfo, do posto avançado de
Caprinon – um forte onde a maior parte do exército dos tiranos
ficava, pois fazia fronteira, se bem que bastante distante com terras
dos elfos, com os quais os senhores de Inderinon nunca haviam feito o
menor contato amistoso. Mas o povo de Varinon não os temia, a cidade
fora construída e fortificada, com o passar do tempo, diversas
ordens religiosas, arcanas e de cavalaria se instalavam ou floresciam
na cidade.
Uma vez
que Varinon tornar-se segura, constituindo uma verdadeira muralha
protetora da Península, o Reino de Asrinon passara a se expandir
para leste. Inevitavelmente ocorreu o contato com as raças que já
estavam por lá. Os halflings mais velhos não gostaram dos invasores
e se enfiaram em suas casas na colina resmungando que seu sossego
havia acabado. Os mais jovens sentiram-se muito cativados por essas
pessoas em busca da construção de um lar, descobriram que sua vida
poderia ser mais interessante e excitante convivendo com os humanos
e, com medo de ficarem ranzinzas como os mais velhos, entrosaram-se
facilmente com os recém-chegados. Com os anões, que observaram toda
a saga dos refugiados em direção à península e viram suas cidades
serem erguidas, os humanos perceberam que seria necessário uma
diplomacia um pouco mais erudita. A primeira missão diplomática
oficial do Reino de Asrinon foi liderada pela delegação de cinco
cavaleiros da 1ª Ordem dos Templários de São Cuthbert –
originada nos poucos anos de existência de Varinon, sendo a ordem
mais tradicional do Reino. Os anões concordaram em estabelecer
relações amistosas com os humanos contanto que os últimos se comprometessem a não subir ou
adentrar a Cordilheira Argêntea – os humanos teriam total
liberdade para usar como quisessem as terras baixas. Vendo a
necessidade de se portarem oficialmente, os anões batizam toda a
Cordilheira Argêntea como “União da Citadela Rúnica” - mas
continuam usando o nome da cordilheira internamente.
Eventualmente,
outras raças entravam em contato com os humanos da península. Era
possível encontrar aqui ou acolá um gnomo de passagem, sem que fosse possível saber de onde ele veio ou para onde ia. Nas florestas do
norte de Oakbam, encontrava-se ocasionalmente homens e mulheres altos
e truculentos, com dentes protuberantes – descendentes talvez dos
Orcs que aniquilaram o Clan Duggerdin – entretanto eles não
parecia possuir uma cidade ou assentamento – talvez vivessem em
tribos. Elfos eram raramente vistos longe das florestas de Oakbam,
lugar que por sinal não são suas florestas de origem. Uma pequena
vila de lenhadores e caçadores, que existia dentro da floresta desde
antes da migração já estabelecia contato com os elfos de
Silverwood e permitiam que eles patrulhassem as florestas de Oakbam.
Não são conhecidos descendentes de elfos com humanos dentro da
Península da Prata. O vilarejo, que veio a se chamar Oakbam foi
incluído em Asrinon, após um acordo com o druida local.
Tendo
acertado os assuntos diplomáticos, o humanos deram continuidade à
sua expansão. Fundaram a cidade livre de Colemouth no extremo sul da
península como uma forma de selar a aliança com os anões da
cordilheira. Enquanto diversos lugarejos e vilas se espalhavam pela
península, Emerill, a última cidade fundada, que situa-se a oeste da
península se desenvolveu estonteantemente rápido. Os homens de
Emerill aprimoraram a navegação e partiram para leste, na direção
do desconhecido. Apenas para descobrirem que estariam em uma região
conhecida nos mapas. Vaniya era de fato redonda e a cidade dos homens
dos navios estabeleceu o comércio com nações do outro lado mundo,
mas que na verdade estavam a poucas semanas de viagem da península.
Em apenas 40 anos, Emerill já é a segunda maior cidade de Asrinon,
é uma cidade vibrante e misteriosa. Um lugar de aventuras.
A
religião é um elemento extremamente presente em todos os setores da
sociedade asrinoana. É praticamente impossível encontrar algum
pessoal dentro do reino, seja de qual raça, profissão ou nível
social ela for, que não professe sua fé perante alguma divindade.
Para o povo de Asrinon, os deuses exercem grande influência direta
sobre a vida dos mortais, então é necessário pedir proteção. Os
refugiados de Inderinon afirmam que os tiranos que governam a região
eram possuídos por uma influência maligna chamada Ius. Um semideus
nascido no mundo mortal e que vaga por ele, causando o mal por suas
próprias mãos ou pelas de seus súditos. O grande inimigo de Ius é
São Cuthbert – nascido mortal, e elevado à condição de
divindade por defender incansavelmente a devoção, a ordem e a
bondade. Por este motivo, o santo se tornou o padroeiro de reino. O
embate entre Ius e São Cuthbert é replicado entre Inderinon e
Asrinon.
Créditos do mapa e dos nomes para Ramah (http://www.cartographersguild.com/showthread.php?5556-Vaniya-by-Ramah) - desculpe pessoal, mas não sou muito bom para criar mapas então pego o que os outros fazem mas a história fui eu quem inventou!!! (por favor não entrem no link para não verem o mapa pq vou usar na campanha, né hheheheh)
Depois queria conversar em particular com todo mundo pra poder montar o background dos personagens certinho. Um abraço a todos.
A Ordem
dos Templários de São Cuthbert de Asrinon é a instituição mais
influente em todo a península. Sua sede fica na capital Varinon, mas
está presente também em Colemouth e Emerill, além de ter uma
representação permanente na União da Citadela Rúnica. Os
templários, além de brilhantes guerreiros prontos para defender o
reino a qualquer momento, levam a todo local por onde vão os
preceitos de ordem, obediência e proteção. A maior parte dos
humanos são devotos de São Cuthbert, mas outras raças, talvez por
terem suas próprias deidades raramente se convertem ao bertismo. Em
Emerill, a Ordem dos Templários enfrenta grandes problemas em impor a ordem e com a
falta de fiéis – uma consequência da grande presença de
halflings (que são tão ligados à religião quanto os humanos mas a
professam de outras maneiras) e estrangeiros, vindos dos reinos
além-mar.
São
Cuthbert, apesar de ser o mais adorado em Asrinon, ainda não é tão
poderoso quando as divindades tradicionais – fiéis afirmam que São
Cuthbert, diferente dos outros deuses, mas assim como seus
arquirrival, caminha pelo mundo dos mortais. Desse modo, nos cem anos
de vida do jovem reino, diversas religiões se espalharam e ganharam
notoriedade. A Grã-Ordem de Heironeous (deus da justiça, honra e
bondade) possui um grande templo em Varinon e em diversas localidades
do Reino. Heironeous e São Cuthbert andam de mãos dadas contra o
mal e o caos, entretanto, paladinos de Heironeous têm se preocupado
com o fanatismo da população de Asrinon pode acabar incentivando o
confronto entre as duas nações. O Iluminado Templo Pelor (deus do
Sol) o mais adorado em todo o mundo ainda não tem presença marcante
em Asrinon, mas é possível encontrar seguidores seus ou oferendas a
ele. Outras divindades como Obad-Hai (natureza), Ehlonna (florestas,
fertilidade), Fharlanghn (viajantes) e Procan (mares) são adorados
localmente.
Os anões
talvez sejam mais fanáticos em sua fé por Moradin (deus da terra, criador
dos anões) do que os humanos por São Cuthbert, além disso, não sentem
vergonha alguma em adorar Vergadain (deus da riqueza e sorte) pois acreditam
que a riqueza é uma recompensa justa pelo trabalho. Em resposta ao
atos diplomáticos dos humanos os anões usam representantes de
Berronar (deusa anã da segurança e verdade) em representações
diplomáticas como uma forma de gratidão pelos humanos terem
respeitado seu lar e optado pela paz. Os halflings possuem sua
própria forma de professar a fé, por isso seus deuses representam
festas, bebedeiras, comilanças e diversão, os principais são
Yondalla (fertilidade, criadora dos halflings) e Olidammara (ladrões,
farra, artistas) e possuem muitos seguidores entre os humanos
principalmente.
Asrinon
é um reino jovem e com muito a crescer. Um reino onde há lugares a
serem explorados. Um reino onde a fé é forte e os deuses estão
presentes. E está de portas abertas para ser conhecido.
Créditos do mapa e dos nomes para Ramah (http://www.cartographersguild.com/showthread.php?5556-Vaniya-by-Ramah) - desculpe pessoal, mas não sou muito bom para criar mapas então pego o que os outros fazem mas a história fui eu quem inventou!!! (por favor não entrem no link para não verem o mapa pq vou usar na campanha, né hheheheh)
Depois queria conversar em particular com todo mundo pra poder montar o background dos personagens certinho. Um abraço a todos.
segunda-feira, 11 de junho de 2012
O Encontro
A Taberna do Forte Vraath era diferente de qualquer outra taberna
conhecida. Efeitos mágicos constituem a principal decoração da
local. O teto, que representava exatamente o céu do lado de fora,
mostrava um mar de estrelas e uma das grandes luas de Ymirian. As
paredes exibiam quadros que se movimentavam, tanto em pinturas de
diversos estilos quanto em imagens que se aproximavam muito da
realidade. Retratavam momento heroicos das aventuras da maga Jill
Castle. Num quadro, Jill sobre o corpo de uma hidra morta com as
cabeças cortadas levanta uma espada dourada. Em outro ela recebe
condecorações na corte de Brindol pelos serviços prestados ao
Vale.
Como é dia de inauguração o local está lotado. Tanto viajantes
como moradores das localidades próximas encontram-se presentes na
taberna. Porém, na torre do forte está ocorrendo um encontro à
sós de duas pessoas que há muito não se viam. Sir Dante Alighieri,
cavaleiro da 4ª Ordem de Brindol e Alto Paladino do Templo da Deusa
Gawa de Sankrarah, observa a Estrada da Alvorada por onde chegou através da grande janela da torre. Jill, sentada à uma pequena mesa de metal,
ajeita o fumo em um longo cachimbo com desenhos arcanos. Ao soltar a
primeira baforada Dante se volta para ela, solta um suspiro longo,
sentindo o cheiro adocicado da fumaça.
– Rall é realmente sábio. Ele sabia desde o princípio que nos desviaríamos de nossa missão – disse o paladino por fim.
– Rall é realmente sábio. Ele sabia desde o princípio que nos desviaríamos de nossa missão – disse o paladino por fim.
Rall, é um mago advinhador, amigo do Jill e Dante há muito tempo.
Ele ajudou o grupo, que na época era constituído por Jill, Dante e
Kraven – um anão – na luta contra Teferi, o inventor louco. Com
a derrota do grupo, o Rall trouxe de volta à vida a maga, o paladino
e o anão e incumbiu-os de uma importante missão. Aparentemente Rall
era o único que confiava neste grupo, e prossegui com a ideia, mesmo
a contragosto de seus colegas, que argumentavam que a própria
arrogância e desvio de conduta foram os responsáveis pela derrota
deles.
– Sim. Foi por isso que colocou aquele guarda-costas para nos vigiar – respondeu Jill encostando-se na cadeira e soltando outra longa baforada.
– Ákila era seu nome. Um bom guerreiro, pena que teve um destino trágico – após um pausa continua – Sabe, sempre imaginei que quando nos foi dada a segunda chance eu pudesse ser capaz de exercer maior liderança, mas este é um quesito em que sempre falhei – disse o cavaleiro dando alguns passos pelo aposento.
– Não diga isso, Dante. Você tem feito um trabalho maravilhoso em Brindol e no Vale do Elsir. O que, devo assumir, tem sido muito bom para os negócios.
– Sim. Foi por isso que colocou aquele guarda-costas para nos vigiar – respondeu Jill encostando-se na cadeira e soltando outra longa baforada.
– Ákila era seu nome. Um bom guerreiro, pena que teve um destino trágico – após um pausa continua – Sabe, sempre imaginei que quando nos foi dada a segunda chance eu pudesse ser capaz de exercer maior liderança, mas este é um quesito em que sempre falhei – disse o cavaleiro dando alguns passos pelo aposento.
– Não diga isso, Dante. Você tem feito um trabalho maravilhoso em Brindol e no Vale do Elsir. O que, devo assumir, tem sido muito bom para os negócios.
Neste momento, Timothy entra trazendo uma bandeja com chá. Dante o
olha com satisfação e pergunta:
– Qual seu nome, meu jovem?
– Timothy, senhor. - Responde o garoto colocando a bandeja sobre a mesa de metal.
Jill serve uma xícara e, sem que o paladino perceba, realiza alguns movimentos com a mão direita sobre a xícara, deixando cair uma pequena areia branca no chá.
– E sua mestra tem-lhe ensinado a rezar, Timothy?
– Minha mestra disse que se temos conhecimento não precisamos dos deuses.
– Qual seu nome, meu jovem?
– Timothy, senhor. - Responde o garoto colocando a bandeja sobre a mesa de metal.
Jill serve uma xícara e, sem que o paladino perceba, realiza alguns movimentos com a mão direita sobre a xícara, deixando cair uma pequena areia branca no chá.
– E sua mestra tem-lhe ensinado a rezar, Timothy?
– Minha mestra disse que se temos conhecimento não precisamos dos deuses.
Dante lança um olhar de reprovação à maga. Recebe um sorriso
sarcástico como resposta. O garoto faz uma reverência e se retira.
O paladino se volta novamente à janela e diz:
– É uma atitude muito nobre a sua em adotar e educar o garoto.
– Seus pais morreram durante a guerra da Mão Vermelha – responde a maga com um suspiro.
– A guerra da Mão Vermelha deixou muitos órfãos... - Jill balança a cabeça em sinal de concordância, pensando nas órfãs que emprega em sua taberna para entretenimento dos clientes.
– É uma atitude muito nobre a sua em adotar e educar o garoto.
– Seus pais morreram durante a guerra da Mão Vermelha – responde a maga com um suspiro.
– A guerra da Mão Vermelha deixou muitos órfãos... - Jill balança a cabeça em sinal de concordância, pensando nas órfãs que emprega em sua taberna para entretenimento dos clientes.
O paladino senta-se à mesa e diz, sem tocar na sua xícara:
– Por um lado, até que o garoto está certo.
– Por um lado, até que o garoto está certo.
Jill coloca os cotovelos sobre a mesa e desloca seu busto para
frente, ficando com o rosto bem próximo ao do cavaleiro. Seu perfume
é atordoante.
– Quer dizer que a fé do velho paladino não é mais a mesma do jovem entusiasta?
– Quer dizer que a fé do velho paladino não é mais a mesma do jovem entusiasta?
Dante se encosta na cadeira, distanciando seu rosto do da maga.
– Minha fé em Gawa e em sua justiça divina se mantem inabalada. Porém receio que estamos vivendo tempos difíceis. Tenho visto ordens e templos antigos se desfazerem como castelos de areia. Não sei se os deuses estão se distanciando ou enfraquecendo, mas temo que o mundo corra um grande risco. Terror se espalha por Ymirian e talvez, ele só não tenha chegado ao Vale do Elsir porque ainda estamos nos recuperando de outro.
– É verdade – diz a maga voltando se recostar na cadeira – amigos magos com quem me correspondo dizem que as atividades têm se intensificado recentemente. Agora não apenas kobolds armados com aquelas armas de fogo infernais que enfrentamos nos início de nossa segunda jornada aterrorizam as cidades. Os servos dos dragões usam agora gigantescos monstros de metal que disparam raios mortais, como os que enfrentávamos no tempo de Teferi.
– E tem mais – o tom do paladino estava extremamente sério – há uma semana atrás, uma criatura conhecida como Juggernaut atravessou o Vale do Elsir seguindo em direção ao norte. Ele foi descrito tendo a aparência de um anão, com longas barbas, em uma mão carregava um machado, na outra uma espada, sua crueldade é enorme – faz questão de cortar a cabeça de todos que entram em seu caminho. Os vilarejos de Nimon Gap e Terrelton fora arrasados. Outro detalhe é que parecia estar carregando um objeto maior ele próprio em suas costas – de formato retangular e espessura fina, coberto por um manto.
– Minha fé em Gawa e em sua justiça divina se mantem inabalada. Porém receio que estamos vivendo tempos difíceis. Tenho visto ordens e templos antigos se desfazerem como castelos de areia. Não sei se os deuses estão se distanciando ou enfraquecendo, mas temo que o mundo corra um grande risco. Terror se espalha por Ymirian e talvez, ele só não tenha chegado ao Vale do Elsir porque ainda estamos nos recuperando de outro.
– É verdade – diz a maga voltando se recostar na cadeira – amigos magos com quem me correspondo dizem que as atividades têm se intensificado recentemente. Agora não apenas kobolds armados com aquelas armas de fogo infernais que enfrentamos nos início de nossa segunda jornada aterrorizam as cidades. Os servos dos dragões usam agora gigantescos monstros de metal que disparam raios mortais, como os que enfrentávamos no tempo de Teferi.
– E tem mais – o tom do paladino estava extremamente sério – há uma semana atrás, uma criatura conhecida como Juggernaut atravessou o Vale do Elsir seguindo em direção ao norte. Ele foi descrito tendo a aparência de um anão, com longas barbas, em uma mão carregava um machado, na outra uma espada, sua crueldade é enorme – faz questão de cortar a cabeça de todos que entram em seu caminho. Os vilarejos de Nimon Gap e Terrelton fora arrasados. Outro detalhe é que parecia estar carregando um objeto maior ele próprio em suas costas – de formato retangular e espessura fina, coberto por um manto.
A maga se ajeita na cadeira e quase se engasga com a fumaça do
cachimbo.
– Kraven? E o Espelho do Aprisionamento? Como? E porquê?
– É isso o que pretendo descobrir. Eu e minha pequena comitiva de Brindol estamos seguindo para o norte para descobrir o que ele pretende e evitar que cause mais destruição – Dante pega nas mãos de Jill, um ato bastante incomum de sua parte – Não irei insistir para que venha comigo, Jill, mas é preciso acabar logo com isso. Ymirian não pode mais sofrer com os terrores dos Lordes Dragões. E é preciso que saldemos nossa dívida pela segunda chance que nos foi dada.
– Kraven? E o Espelho do Aprisionamento? Como? E porquê?
– É isso o que pretendo descobrir. Eu e minha pequena comitiva de Brindol estamos seguindo para o norte para descobrir o que ele pretende e evitar que cause mais destruição – Dante pega nas mãos de Jill, um ato bastante incomum de sua parte – Não irei insistir para que venha comigo, Jill, mas é preciso acabar logo com isso. Ymirian não pode mais sofrer com os terrores dos Lordes Dragões. E é preciso que saldemos nossa dívida pela segunda chance que nos foi dada.
A maga subitamente se silencia, envolvida em profundos pensamentos.
As provações seriam mais difíceis do que esperava, de certa forma
se sentia dividida, mas não sabia exatamente entre o que. No fundo
de sua mente, uma voz, comum em seus sonhos nos últimos dias,
repetia “Venha a mim, minha querida!”.
– Irei me juntar a meus homens, o taberneiro nos disse não tem mais quartos e deveremos dormir nos estábulos, talvez não nos vejamos em breve, então... Adeus – Dante se levanta e, descuidado, bate a perna na pequena mesa de metal, fazendo com que sua xícara de chá intocada caia e se espatife no chão – Oh me desculpe, eu não..., pode deixar que eu limpo.
– Irei me juntar a meus homens, o taberneiro nos disse não tem mais quartos e deveremos dormir nos estábulos, talvez não nos vejamos em breve, então... Adeus – Dante se levanta e, descuidado, bate a perna na pequena mesa de metal, fazendo com que sua xícara de chá intocada caia e se espatife no chão – Oh me desculpe, eu não..., pode deixar que eu limpo.
A maga, acordando de seu estado de meditação dá um suspiro de
reprovação “Isso é tão típico” pensou “há coisas que
nunca mudam”. Com o rosto abaixado, disse simplesmente:
– Dante, saia, por favor.
– Dante, saia, por favor.
Na manhã seguinte, quando Dante, acompanhado dos cavaleiros Lance,
Gal, Urgor e Polan, do clérigo Gizan e da atiradora de elite Niaga
se dirigiam aos estábulos após o desjejum, vêm em frente ao mesmo
Jill e Timothy.
– Faça como eu lhe ensinei Tim. Pronuncie lentamente os escritos do pergaminho.
– Faça como eu lhe ensinei Tim. Pronuncie lentamente os escritos do pergaminho.
O garoto, com a fluência de um mago experiente pronuncia longas
palavras incompreensíveis enquanto o pergaminho se evapora em uma
fumaça negra fluída. A fumaça se expande e toma a forma de uma
criatura desfigurada e feita apenas de sombras. Jill levanta o garoto
e o coloca sobre a criatura mágica, logo em seguida, sobe nela com a
mesma facilidade que montaria num cavalo. A maga olha para a comitiva
de cavaleiros e faz um sinal de impaciência.
– Fico feliz que tenha escolhido seguir conosco Jill – disse Dante com um grande sorriso no rosto – apesar de achar que será muito perigoso para o garoto.
– O garoto ficará bem, é meu aprendiz e sabe muito bem se virar. Agora vamos. Há uma dívida a ser paga.
– Fico feliz que tenha escolhido seguir conosco Jill – disse Dante com um grande sorriso no rosto – apesar de achar que será muito perigoso para o garoto.
– O garoto ficará bem, é meu aprendiz e sabe muito bem se virar. Agora vamos. Há uma dívida a ser paga.
terça-feira, 29 de maio de 2012
A Proposta
Olá pessoal, no intuito de reativar um pouco as atividades do blog estou postando um conto que escrevi de última hora, bateu a inspiração e escrevi! Haha - tá certo que ele é um pouco spoiler, conta uma parte da história de uma personagem que não era para que os outros jogadores - ou pelo menos os personagens deles soubessem hehehe. Mas ficou legal porque também ficou uma espécie de recapitulação.
Por fim peço licença poética ao Felipe, por estar usando sua personagem, Jill Castle. Mas espero que goste hehehehe. Um grande abraço a todos e Viva o RPG!
A
Proposta
O tempo estava pesadamente nublado no Vale do Elsir. Há muito que
uma tempestade como a que se aproximava não caía sobre o campos e
florestas do vale. Da última vez que o tempo esteve assim, foi o
prenúncio da Guerra da Mão Vermelha, quando uma horda de
goblinóides e outras criaturas da cadeia de montanhas do Fogo do
Dragão marcharam pela Estrada da Alvorada destruindo cada cidade em
seu caminho de Drellin Ferry à Brindol, onde foi finalmente contida.
Cada soldado da horda da Mão Vermelha era um fanático adepto ao
culto do Kulkor Zhul, dedicado à Tiamati e liderado pelo temível
Azarr Kul. Além dos números exorbitantes e da crueldade de cada um
dos soldados goblinóides, a Mão Vermelha contava com bestas das
montanhas como gigantes, quimeras, mantícoras e até mesmo um grupo
de dragões cromáticos renegados.
Na torre do antigo forte Vraath, Jill Castle, a maga pertencente ao
grupo de aventureiros que conteve a invasão da Mão Vermelha sobre o
vale, escreve sobre seus últimos estudos sobre encantamentos.
Mirrorscales, um pequeno dragão prateado observa, balançando a
cauda, sua mestra trabalhando da prateleira em cima da escrivaninha.
Já havia passado dois anos desde a Guerra da Mão Vermelha. Quando o
grupo de Jill retornou do Santuário de Tiamati, onde enfrentaram
Azarr Kul, nenhum deles se lembrava exatamente o que aconteceu. A
experiência certamente abalou a todos – tanto que nunca mais se
viram após as comemorações de Brindol. Jill recebeu como
recompensa as ruínas do Forte que reconstruiu com seus próprios
recursos. Quando seguia de Brindol a sua recém-adquirida
propriedade, a maga encontrou entre seus pertences mágicos o um
objeto do tamanho de um ovo de avestruz.
Poucas semanas depois, o ovo se chocou, e Jill, reconhecendo a
criatura – um dragão prateado – como um ser de grande poder,
criou-o e ajudou-o a desenvolver sua habilidades mágicas. Hoje, com
pouco mesmo de dois anos, a criatura já sabe falar tantos idiomas
quanto sua mestra, lança pequenos truques de mágica e é capaz de
se transformar em um garoto com idade entre seis e dez anos quando
está na presença de outras pessoas. Realmente fenomenal.
A tempestade lá fora vai ficando mais forte. Num momento, a
escuridão do lado de fora se torna intensa e um relâmpago corta o
céu. Uma silhueta sombria com enormes asas se posta na janela da
torre de Jill. Mirrorscales, amedrontado salta para trás da
escrivaninha. A maga se levanta rapidamente olhando para a figura
sombria somente para ver faíscas indicando que a magia de proteção,
capaz de manter até mesmo os vidros resistentes como placas de
ferro, fora quebrada. A janela se abre bruscamente com uma forte
lufada de vento que faz os pergaminhos voarem e derrubando frascos de
experimentos mágicos.
– Jill Castle... É um prazer conhecê-la pessoalmente – diz a
figura com uma voz reptiliana. As luzes das velas mágicas, que não
se apagam com o vento, mostram que a figura tem uma forma humanoide.
Suas mãos e pés descalços apresentam textura escamosa avermelhada
e garras compridas. As roupas não passam de trapos e do rosto com o
queixo pontiagudo carrega dois olhos totalmente negros.
– Para você é marquesa!
– grita Jill.
Com um gesto rápido e uma palavra ininteligível, a maga pega um
objeto estranho que magicamente se desintegra e aponta o dedo
indicador na direção da criatura. O rosto reto e escamoso se
contorce de horror como se uma mão forte estivesse espremendo sua
mente. A criatura luta contra a dor mental debatendo a cabeça, que
não possuía um único fio de cabelo e com duas pequena
protuberâncias que parecem pequenos chifres crescendo. Depois de
alguns segundos, ela abaixa a cabeça e faz um ruído como se fosse
um suspiro rápido.
– Tanto poder! Sim ele estava certo. Mas não irá conseguir dominar
minha mente com um truque tão simples.
A criatura dá um passo a frente, entrando no aposento. Jill dá um
passo para trás, olha para o lado e vê o pobre Mirrorscales gemendo
como se estivesse sentido dor. A maga sabe que o bebê dragão reage
deste modo à presenças malignas – dragões prateados são seres
de imensa bondade. Ela se volta para seu visitante inesperado.
– Quem... o que é você?!
– Sou um servo de Wanderlock, o Lorde Supremo dos Dragões. Ele
gostaria de vir aqui pessoalmente, mas como a senhorita deve
imaginar, ele está... incapacitado... por isso me mandou.
Jill olhou mais uma vez para o Mirrorscales. Vasculhou mentalmente
por algum feitiço que fosse efetivo. A criatura parecia poderosa, e
qualquer ação impensada deixaria o pequeno dragão prateado
indefeso.
– Não tenho assuntos a tratar com seu senhor! Saia! - foi o que
disse.
– Claro que não. Mas suas realizações e a de seus amigos, há anos
atrás afetou de certa forma meu mestre – abaixou suas enormes
asas como em sinal de pacificidade.
– Imagino que Wanderlock tenha ficado irritado com o fato de termos
matado o avatar de Tiamati, deusa dos dragões cromáticos – disse
a maga em tom de superioridade.
– Não – respondeu longamente a criatura e após um breve sorriso
continuou – meu lorde tem apenas à agradecer o fato de terem
enfraquecido uma deusa decadente que precisa de goblins e robgoblins
para exercer seu poder. Agora o poderoso Wanderlock pode ascender ao
lugar de Tiamati e se tornar um deus!
– E o que ele quer de mim?
– Sua mão! Seu poder e sua beleza magnífica encantaram meu mestre.
Sou seu mensageiro e trago à senhorita sua proposta de casamento.
O servo abriu suas mãos escamosas com dedos longos e mostrou uma
pequena caixa preta. Com a outra mão, abriu a caixa que continha uma
aliança dourada. “É mágico” pensou Jill após detectar as
essências mágicas que fluíam do anel. O mensageiro colocou a caixa
com a aliança num mesa ao lado e disse por fim:
– Pense por quanto tempo quiser, minha cara. Nós dragões temos todo
o tempo e paciência do mundo. Serás deusa ao lado de meu senhor e
rainha dos dragões. Quando estiver pronta, siga para o norte.
A criatura deu um passo atrás e despencou pela janela. Logo em
seguida sua sombra contrastou novamente com um relâmpago em meio a
tempestade.
Nos dias que se seguiram, Jill estudou o anel. Suas propriedades
mágicas eram magníficas, possuía grande poder, mas sabia que
quando o usava, era como se o Rei Dragão entrasse em sua mente. Por
que lhe dera um anel assim? Talvez ele soubesse que encontraria
dificuldades em sua jornada para dentro do Círculo Draconiano, onde
os dragões foram há eras aprisionados pelos Deuses. Talvez o
próprio Wanderlock colocasse em seu caminho desafios, como uma forma
de provação de sua pretendente.
A maga se lembra de uma tarefa, uma promessa, uma dívida consumada
há muito tempo atrás. Talvez tenha se esquecido dela, talvez a
tenha abandonado. Sete noites após os acontecimentos relatados, a
maga, observava de sua torre uma comitiva de cavaleiros marchando
pela Estrada da Alvorada em direção ao seu forte. Ostentavam o
brasão de Brindol. Dante...
– Quem são eles, mestra? - perguntou Mirrorscales ao seu lado, em sua
forma de garoto, quando estava assim era chamado de Timoty.
– Eles são minha primeira provação. - respondeu Jill após um longo
suspiro.
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